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S2G Ventures abre novo fundo de 300 milhões de dólares para escalabilidade de startups

Um dos mais importantes players dentro do mercado de investidores de startups mundo, a S2G Ventures acaba de anunciar lançamento de seu fundo de oportunidades especiais de US$ 300 milhões, algo em torno de aproximadamente 1,5 bilhão de Reais. Esse é um anúncio oficial e traz grandes perspectivas para empreendedores ao redor do mundo e também para outros grupos de investidores. Trata-se de um lançamento que aquece o mercado de investimentos de startups do AgFoodTech. Esse aquecimento se deve ao setor de investimentos ter se posicionado de forma conservadora recentemente, com muitos fundos anunciando que acabou a era do dinheiro fácil. Muitos investidores estão mais criteriosos com as teses de investimentos e não apenas acreditando nos evelevator pitch dos empreendedores. Até o momento a ordem era de se mostrar resultados contundentes para se receber investimentos. Obviamente que esse recuo do capital de risco se deve a inflação internacional, que assombra o mundo, aos riscos do conflito armado entre Rússia e Ucrânia se agravar e sem dúvida alguma por algumas startups não terem devolvido ganhos dentro do que prometeram aos seus investidores. A S2G vem na contramão deste posicionamento e lança uma motivação extra para o mercado de alta tecnologia no AgFoodTech. Porém há um alvo certo com o lançamento deste novo pacote. O objetivo do fundo é fornecer financiamento flexível para startups de impacto social e ambiental que atuam em setores intensivos em capital e ativos, incluindo agricultura, energia e oceanos. Veja claramente que dois ramos anteriormente pouco citados aparecem em destaque. Energia e oceanos são sem dúvidas, fronteiras que precisam de muitas inovações pela quantidade de desafios que se impõem devido às mudanças climática e a poluição dos oceanos, com destaque para a questão dos plásticos.

Essa iniciativa é de extrema importância, uma vez que startups focadas em tecnologia agrícola e alimentar que buscam soluções climáticas tiveram um desempenho positivo no levantamento de capital de risco no ano passado, como aquelas envolvidas em agricultura em ambiente controlado, bioenergia, biomateriais e agricultura de precisão. Diferentemente de outras startups do AgFoodTech, essas empresas tiveram desempenho interessante que chamou a atenção dos investidores. Isso se deve também ao fato dessas startups serem muito mais intensivas em capital do que seriam aquelas de aplicativos de entrega de alimentos para o consumidor final. Aparentemente essas empresas geram riquezas e valores que estão consolidados com a produção de coisas que são palpáveis e saem do campo do valor relativo ou abstrato.  É claro que nesses casos, as soluções tendem a ser mais difíceis de se testar e levam mais tempo para serem escaladas do que é comum no mundo dos investimentos de capital de risco, mas nada que fuja às regras dos ciclos da agricultura e de suas facetas que ultrapassam o convencional.

Existe pressões vindas de todos os lados, principalmente pela necessidade de investimentos. Uma retração na disponibilidade de recursos poderia trazer consequências drásticas para a implementação de soluções tecnológicas viáveis. Por exemplo, especialistas estão pedindo por formas mais criativas de capital para startups focadas em soluções climáticas. É emergencial que haja mudanças significativas nas matrizes energéticas e de produção de alimentos. Entretanto, a transição envolverá não só novas inovações, mas também novos modelos de negócios e ativos para aumentar a resiliência, produtividade e rentabilidade de futuros sistemas de alimentação, energia e outros.

Em uma entrevista recente o CIO da S2G, Sanjeev Krishnan afirmou “será fundamental a criação de esquemas inovadores de financiamento de crédito e infraestrutura de ativos”. De acordo com as palavras do próprio executivo, o novo fundo da S2G aborda especificamente startups com estruturas orientadas a ativos, como terra, infraestrutura e crédito, oferecendo certa flexibilidade no perfil de risco, prazo e estrutura. A empresa gestora embora tenha uma clareza sobre sua nova tese, dá ares de que não se fechará totalmente e pretende considerar investimentos em todo o espectro de capital, incluindo dívida, patrimônio ou investimentos híbridos. O ponto chave nessa estratégia é que as empresas estejam em estágios mais maduros de desenvolvimento, momento esse em que já contam com ativos, fluxos de caixa, contratos ou arrendamentos, de forma que possam fornecer algum tipo de proteção contra perdas.

Para Andrea Woodside que faz a liderança do Fundo de Oportunidades Especiais, afirmou no lançamento do fundo que “conforme os produtos e soluções alcançam o ponto de comercialização, muitas vezes precisam de mais capital para se expandir até o ponto de rentabilidade”. É nesse segmento que o novo fundo pretende atuar segundo a líder da S2G, onde a questão de escalabilidade com redução do custo de capital, atrelado a um menor risco, são críticos para o sucesso dos empreendimentos.

O novo fundo da S2G Ventures já está em atividade e o mais recente contemplado é a Circulus. Essa startup desenvolveu tecnologias que convertem resíduos plásticos em resinas pós-consumo que podem ser usado tanto itens comerciais quanto em industriais.

Mais além disso, outras áreas específicas de investimento incluem empréstimos para agricultura regenerativa, agricultura em ambiente controlado, infraestrutura de fermentação, produção de algas e aquicultura, entre outras. Com o novo fundo, a S2G Ventures agora possui US$ 2 bilhões em ativos sob gestão, algo na casa de 10 bilhões de Reais.

Editado por

Mateus Mondin

Professor Doutor

Departamento de Genética

Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ

Universidade de São Paulo

Editor Chefe da StartAgro