Conheça a AgTech brasileira que atraiu o fundo que investiu no Uber e no Airbnb
O megafundo americano TPG, que já investiu no Uber e no Airbnb e tem US$ 45 bilhões em ativos, anuncia aporte na Solinftec, de Araçatuba. Entenda o que o gigante do venture capital viu na AgTech brasileira
Por Luiz Fernando Sá
Um dos maiores fundos de investimentos do mundo, o TPG (antes chamado Texas Pacific Group), ganhou notoriedade mundial pelo apetite por grandes empresas em dificuldade. Nos anos 1990, por exemplo, arrematou Continental Airlines e a rede de lojas Neiman Marcus, dois ícones americanos que estavam prestes a quebrar.
Ao longo das décadas seguintes, a companhia com sedes em Dallas e San Francisco conquistou reputação pelo arrojo associado à rentabilidade e, com isso, a confiança de milionários em busca de oportunidades lucrativas.
Investidor do Uber e do Airbnb
Houve reveses no caminho, mas alguns êxitos históricos, como investimentos em startups como Uber e Airbnb, no começo da década. Com cerca de US$ 45 bilhões em ativos sob sua gestão, o TPG demonstra agora que também tem olhos para o ecossistema AgTech. E, particularmente, para o Brasil.
LEIA TAMBÉM
MARK ZUCKERBERG E BILL GATES DESCOBREM O AGRONEGÓCIO. E SE IMPRESSIONAM COM O QUE VEEM
STARTUPS CHINESAS, AGTECH ETC: PIERRE SCHURMANN DESVENDA A NOVA CHINA
Desembarca aqui com seu cofre cheio através da Solinftec, empresa de Araçatuba que oferece soluções digitais para gestão de propriedades rurais. Através de seu braço especializado em investimentos em energias alternativas e renováveis, o TPG ART, o fundo anunciou um aporte (de valor não revelado) na companhia brasileira.
Os dólares vindos da América vão financiar a expansão da Solinftec para novas culturas e mercados. A empresa não é propriamente uma startup. Fundada há dez anos, foi pioneira no desenvolvimento de sistemas digitais de monitoramento para todo o processo produtivo do setor sucroenergético.
Solinftec e a tecnologia
Com sensores, telemetria, computadores de bordo e softwares que processam dados colhidos em campo, as soluções da empresa permitem aos seus clientes ter um acompanhamento em tempo real de cada etapa da produção, com maior precisão e menor risco de fraudes.
Os sistemas da Solinftec já são usados atualmente por alguns dos maiores grupos do setor, como Raízen, Tereos e São Martinho. Segundo o site da empresa, eles já monitoram hoje mais de 4,5 milhões de hectares e 20 mil equipamentos agrícolas.
Outro atrativo da companhia é a Solinfnet, rede de comunicação entre dispositivos, que permitem a transmissão de dados mesmo em regiões remotas em que não conexão por internet. O desafio da agora é difundir sua tecnologia para outras culturas, sobretudo grãos, e expandir geograficamente sua atuação, inclusive para outros países da América Latina, Austrália e Estados Unidos.
O que o TPG viu na Solinfnet
Em entrevista ao site americano Agfunder News, Roel Collier, diretor do TPG ART responsável pela América do Sul, afirmou que a simplicidade das soluções da Solinftec foi um dos pontos observados na decisão de investimento. “Um dos maiores erros que as AgTechs têm cometido é começar com a tecnologia e só depois ir ao cliente. E então ficam surpresos com a baixa adesão aos seus produtos. A abordagem correta não tem de ser a da ciência espacial, mas a solução de problemas reais dos produtores hoje”, disse.
Collier afirmou ainda que o TPG pode contribuir com a identificação de talentos, no Brasil e fora dele, para incorporar ao time da Solinftec, e promover a troca de conhecimento entre especialistas dos ecossistemas do Vale do Silício e do interior do Brasil.