Por que a maconha é tendência no agro e como a tecnologia entra na história
Não se assuste se, de repente, aquele seu amigo conservador surgir com um discurso ao estilo “legalize já”. A opinião dele em relação à maconha pode não ter nada a ver com o uso pessoal da erva, mas sim com seu bolso. Sim, a erva agora é motivo de investimento financeiro. O movimento de legalização da cannabis nos Estados Unidos e no Canadá tem levado a uma forte valorização de empresas que orbitam nessa indústria.
Somente nos dois primeiros meses desse ano, o índice de cannabis da Viridian Capital Advisors, que reúne ações de 50 empresas, subiu 20%, contra 5% do Dow Jones. A alta teria sido ainda mais expressiva não fosse um comentário do porta-voz do governo Donald Trump: no final de fevereiro, Sean Spicer deixou no ar a possibilidade de uma maior interferência do governo federal sobretudo nos estados onde o uso pessoal da maconha é permitido.
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No entanto, aceitam na tendência de legalização como um caminho sem volta. “As pesquisas mostram que a maioria dos americanos é a favor da legalização, pelo menos para fins medicinais. É impossível imaginar um recuo nesse aspecto”, diz Harrison Phillips, analista e vice-presidente da Viridian. Nos Estados Unidos, já são 28 estados onde o uso de princípios ativos presentes na erva é liberado para uso médico.
Destes estados, oito também permitem que a maconha seja consumida para fins recreativos, entre eles a Califórnia. Outro que segue essa tendência é o Canadá, onde a legalização para fins medicinais vale para todo o país. No mês passado, a Bolsa de Valores de Toronto anunciou a criação de seu primeiro fundo setorial voltado à indústria da maconha. As ações da maior empresa que compõe o fundo, a farmacêutica Aphria, subiram 80% nos últimos seis meses.
Maconha e inovação tecnológica
Segundo a editora Arcview, especializada em relatórios e pesquisas sobre a indústria da maconha, no ano passado o faturamento do setor (incluindo EUA e Canadá) cresceu 30% em relação a 2015, chegando a US$ 6,7 bilhões. A expectativa é de uma expansão de aproximadamente 25% ao ano até 2021, quando esse mercado na América do Norte deverá atingir US$ 20,2 bilhões. As maiores companhias do setor são químicas ou farmacêuticas, como a GW Pharmaceuticals, cujo valor de mercado chega a US$ 3 bilhões. Mas há também grandes produtores, como a canadense Canopy Growth, avaliada em US$ 800 milhões.
Além de manter uma área plantada de 350 mil metros quadrados, a empresa ainda conta com um laboratório para manipulação e produção de sementes geneticamente idênticas. “O nível de inovação tecnológica no setor é altíssimo”, diz Phillips. Um estudo feito pela New Frontier Data prevê que, até 2020, a indústria em torno da cannabis terá criado mais de 250 mil empregos, mais até do que a indústria de manufaturados. De fato, a turma do “legalize já” só vem ganhando bons argumentos.
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