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Como a tecnologia colocou a Califórnia na rota do café

De olho na demanda pela segunda commodity mais negociada no planeta, pequenos produtores de frutas estão desafiando as características da região e colhendo, acredite, café Arábica

Por Plant Project |Núria Saldanha, de Washington (EUA)

Conhecida por ser um celeiro de inovação, pelos vinhos e pelas ondas do Oceano Pacífico, que atraem surfistas e aventureiros do mundo todo, a Califórnia é também uma das principais regiões agrícolas dos Estados Unidos. O estado é responsável pela produção da metade de todas as frutas, nozes e vegetais cultivados no país e seus produtores são capazes de proezas para adaptar culturas a seu solo e climas desfavoráveis.

O desafio se repete agora, com uma improvável aposta em uma das maiores paixões dos americanos, o cafezinho. De olho na demanda pela segunda commodity mais negociada no planeta, pequenos produtores de frutas estão desafiando as características da região e colhendo, acredite, café Arábica.

Cultivo do café

Embora a agricultura seja muito próspera na Califórnia há longas décadas, o cultivo de café no estado surpreende por dois motivos. Primeiro, porque entre os 50 estados americanos, apenas o Havaí conseguia produzir café até então. Segundo, devido à geografia. O café é tradicionalmente cultivado nas regiões tropicais, próximas à linha do Equador, como Brasil, Colômbia e Costa Rica, que contam com chuvas bem distribuídas o ano todo. A cultura requer volumes pluviométricos elevados, que vão de 600 mm a 1.500 mm ao ano.

Um cenário bem diferente do encontrado na Califórnia, localizada acima da linha equatorial, onde o clima mediterrâneo de verão seco e o baixo volume de chuvas no inverno (de 250 mm e 500 mm) são os principais entraves para o desenvolvimento de cafezais Mas, com a ajuda de pesquisadores, os agricultores locais parecem ter encontrado uma solução. Estão utilizando sistemas simples de irrigação e a sombra dos abacateiros, largamente produzidos na região, para cultivar cafés premium.

“Vivi e trabalhei durante vários anos na região cafeeira da América Central antes de mudar para a Califórnia”, diz Mark Gaskell, pesquisador responsável pela introdução do café na região. “Mas não imaginava que a cultura pudesse ter potencial econômico na Califórnia. Foi quando eu visitei a área de Kona, do Havaí, que percebi que isso podia dar certo, já que eles têm custos trabalhistas e de terra iguais aos da Califórnia.” (continua…)

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