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Em busca da rede rural: Como operadoras de telecom e empresas do agro estão se unindo para levar conectividade ao campo

Por André Sollitto
Plant Project

Deu no The Wall Street Journal: o período de primavera representa o momento em que os fazendeiros do meio-oeste americano devem se dedicar integralmente ao plantio e a maratonas de filmes no Netflix. Por mais absurda que possa parecer, a situação de assistir a filmes e séries pela internet simultaneamente ao trabalho de pilotar um gigante trator em meio a hectares de terra é o retrato de como avanços tecnológicos facilitaram a vida do produtor. O maquinário conta com sistemas de GPS integrados, sensores capazes de detectar obstáculos no campo e oferecer informações em tempo real sobre as condições do solo e das sementes. A interferência humana, portanto, é necessária apenas em casos raros. O fazendeiro ainda precisa ficar atrás do volante, mas está livre para acompanhar os insights oferecidos pela máquina , ou checar as notícias, a previsão do tempo e as finanças de sua fazenda. Mesmo assim, longos dias de trabalho podem se tornar bastante entediantes. E é aí que as séries e filmes ajudam a preencher as horas. Claro, isso lá na América do Norte.

Aqui no Brasil é situação bastante diferente. A tecnologia embarcada nas máquinas está disponível. A ideia de assistir à Netflix durante uma jornada na lavoura, porém, chega a ser absurda pelo simples fato de que em regiões do País ainda não há conexão de internet. “Você já esteve no Corn Belt?”, diz Mateus Barros, líder de negócios da empresa de agricultura digital Climate para a América Latina, em referência à região dos Estados Unidos responsável pela maior parte da produção de grãos no país. “Lá, no meio do campo, a internet pega melhor do que aqui no meu escritório”, brinca ele. Mapas de conectividade mostram que a comparação de Barros, na verdade, retrata a enorme discrepância em termos de acesso da população a serviços de internet de alta velocidade. Enquanto os EUA, com exceção de alguns trechos de deserto, são preenchidos por pontos verdes, indicando conexão, a região do Mato Grosso, por exemplo, é um vazio em que apenas um ou outro pontinho discreto aparece.

Essa situação pode mudar em breve. Nos últimos meses o mercado da conectividade rural vive uma espécie de corrida disputada palmo a palmo por equipes de peso, reunindo empresas com competências e interesses complementares. A estratégia adotada por várias delas tem sido a formação de blocos corporativos, formados por pelo menos uma empresa especializada em telecomunicações e um fabricante de equipamentos agrícolas, além de AgTecgs fornecedoras de soluções tecnológicas para o agronegócuio. As operadoras de internet brasileiras correm para conquistar um mercado com cobertura ainda incipiente e com grande potencial de negócios, mas também para atingir as metas estabelecidas pelo governo para a expansão de seus serviços por todo o território nacional. Já as indústrias de maquinário apostam em garantir que toda a tecnologia embarcada em seus produtos mais modernos seja aproveitada de maneira integral, justificando o investimento dos clientes em uma eventual renovação dos equipamentos.

Leia a reportagem na íntegra na Plant Project.