Com solução que usa o Sol para tornar água potável, empreendedora vence prêmio global da ONU
Criadora da Aqualuz, Anna Luísa Beserra, de 21 anos, já pensa em expandir a atuação de sua startup
A solução da Aqualuz é simples. Usando a própria radiação ultravioleta do Sol, ela torna potável a água da chuva captada em cisternas. O projeto foi feito por Anna Luísa Beserra quando ela tinha apenas 15 anos. Na época, ela se inscreveu no prêmio Jovem Cientista, do CNPq, mas não venceu. Anos mais tarde, manteve a ideia viva e criou uma startup. A persistência foi recompensada. Anna Luísa ganhou o Jovens Campeões da Terra, um prêmio global da ONU. Ela ficou entre 35 finalistas e se tornou a primeira brasileira a levar a premiação. A cerimônia acontecerá no dia 26 de setembro, em Nova York. “Tudo isso que estamos alcançando é p resultado de algo que começou lá atrás. Foi algo totalmente inesperado”, diz Anna Luísa ao StartAgro.
A Aqualuz beneficia hoje 265 pessoas em áreas rurais da Bahia, mas esse número deve passar para 700 até o final de 2019. O sistema, facilmente acoplado a cisternas de 16 mil litros, tem capacidade para 10 litros. Único sistema do mundo que usa a luz do Sol para evitar a contaminação microbiológica da água captada da chuva, ele leva de duas a quatro horas para completar o ciclo de purificação. Um indicador avisa quando a água está pronta para o consumo. A durabilidade é de 20 anos, e a única manutenção necessária é a lavagem com água e sabão. A água para a limpeza não precisa ser potável.
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Tanto o modelo de negócios quanto a validação do produto foram feitas ao longo do Academic Working Capital, programa de educação empreendedora do Instituto TIM criado em 2015. “Participar do programa abriu diversas portas”, diz Anna Luísa.
Atualmente, o modelo de negócios é feito em parcerias com empresas de responsabilidade social que já atuam na região e que são obrigadas a oferecer uma contrapartida. O preço da solução começa em R$ 500, mas depende da quantidade de equipamentos que serão instalados e do tipo de monitoramento que será feito. “Oferecemos indicadores de saúde antes e depois da implantação da Aqualuz”, conta a empreendedora.
Outros modelos, com capacidade para 15 e 30 litros, já estão em desenvolvimento, mas a garantia da durabilidade só será obtida quando a estrutura da startup aumentar. Existem planos de adaptar o sistema para uso no agro, mas o desenvolvimento da tecnologia depende do estabelecimento de parcerias com o governo, que já estão sendo negociadas.
“Eu nunca tinha a perspectiva de chegar onde estou agora. A visão que eu tinha de mim era a de pesquisadora presa em um laboratório. O empreendedorismo me mostrou a importância da vivência dos problemas, do contato com os beneficiários. Tudo isso corrobora que estamos no caminho certo”, diz ela. Agora, como empreendedora, já pensa em expandir a atuação de sua startup. Os planos para 2020 incluem o atendimento a mais pessoas, de 700 a mil, a cada tres meses. “E outros três produtos já estão na linha de produção, além do aperfeiçoamento da Aqualuz”.