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Como agtechs estão ajudando produtores durante a paralisação do governo dos EUA

Setor agrícola está sem informações imprescindíveis na tomada de decisões sobre a produção

A paralisação do governo dos Estados Unidos, ou shutdown, como o procedimento é conhecido em inglês, tem causado enormes prejuízos à economia americana. Com diversos serviços parados, um dos setores que está sofrendo muito é o agrícola. O Departamento de Agricultura (USDA) publica mensalmente um relatório com a situação do mercado global, incluindo dados sobre pecuária, mas o documento não foi divulgado. Sem essas informações, os produtores ficam no escuro na hora de tomar decisões. Por isso, de acordo com o AgFunderNews, três agtechs estão oferecendo dados coletados por elas, sem custo, em uma tentativa de mitigar esses prejuízos.

A Mercaris, que oferece informações de mercado sobre orgânicos e alimentos não transgênicos, disponibilizou seu relatório de grãos orgânicos, uma publicação quinzenal. A primeira edição do ano analisa as importações em 2018, um dado que seria normalmente divulgado pelo USDA. A startup Indigo Ag compartilhou as informações coletadas pelos satélites de sua divisão geoespacial, que preveem os resultados da produção – e, segundo eles, com uma eficácia maior que a do Departamento americano. Por fim, a Gro Intelligence oferece inscrições gratuitas para seu aplicativo de celular, com previsões sobre a demanda de soja, trigo e milho no mundo, e resultados da produção de arroz, açúcar e algodão. A Gro foi a primeira a liberar o serviço, poucos dias depois que a paralisação teve início, no dia 22 de dezembro.

O procedimento não é incomum. Quando o Congresso não chega a um acordo sobre contas da Federação, ou o presidente se recusa a assinar alguma lei, a paralisação começa. Boa parte dos serviços do governo então ficam suspensos, com exceção dos essenciais. Nesses casos, profissionais como médicos ou agentes de segurança em aeroportos continuam trabalhando sem pagamento até que o problema se resolva. Esta é a 10º paralisação registrado, mas é de longe o mais longo. Hoje, completa 26 dias. O impasse começou com a recusa do Congresso em autorizar um orçamento de US$ 5,7 bilhões para a construção de um muro na fronteira com o México, uma das promessas de campanha de Donald Trump. De acordo com economistas da Casa Branca, cada semana de suspensão dos serviços representa uma redução de 0,13% no crescimento do trimestre.

Para o setor agrícola, a falta de informações oferecidas pelo USDA é apenas uma parte do problema. Financiamentos e subsídios oferecidos pelo governo como forma de reduzir os danos sofridos pelos produtores em meio às guerras tarifárias de Trump, em tese, continuariam a ser dados aos produtores mesmo durante a paralisação. Mas com a aprovação da nova Lei Agrícola, em dezembro, muitos não completaram algumas exigências dos programas de ajuda e vão ficar sem verba. A situação se agrava porque a renda líquida no setor em 2018 caiu 12% em relação ao ano anterior. Quem planta nos Estados Unidos está, neste momento, trabalhando às cegas e sem dinheiro no bolso.