Conheça a avançada tecnologia de monitoramento da agtech Gamaya, já disponível no Brasil
Drones e satélites são parte importante do arsenal de ferramentas da agricultura digital. Com eles, produtores conseguem visualizar cada vez mais detalhes de suas lavouras, transformando em dados muito conhecimento que antes era meramente empírico, baseado em sua experiência. A tradução de imagens em informação é o negócio das empresas de monitoramento remoto de lavouras, que hoje formam um dos mais concorridos mercados da chamada agricultura de precisão. Para se destacar nesse espaço aéreo movimentado, a Gamaya, uma agtech fundada há apenas cinco anos na Suíça, acaba de decolar sua operação no Brasil apostando em um pacote que combina as mais avançadas tecnologias para análise de imagens no mundo, uma plataforma de grande capacidade computacional e sistemas de inteligência artificial e machine learning.
Com essa robusta retaguarda, a empresa promete oferecer aos produtores que adquirirem seus serviços uma ferramenta que permite enxergar sua propriedade de forma holística, abrangendo todos os talhões cultivados e com um nível de informação mais acurado, gerando decisões mais precisas e assertivas, ganhos de eficiência, redução de custos e do impacto ambiental de suas atividades. Com capacidade de processamento escalável, garante poder fazer análises de grandes propriedades com mais detalhes, rapidez e conveniência que qualquer concorrente.
Para entender as vantagens oferecidas é preciso compreender um pouco da tecnologia aplicada. Drones normalmente carregam câmeras RGB que, assim como o olhar humano, são capaz de processar informações a partir de três bandas de cores. Já as câmeras multiespectrais, usada em satélites, captam 8 a 12 bandas. A tecnologia da Gamaya foi elaborada a partir de câmeras hiperespectrais, capazes de identificar até 40 faixas. “Elas enxergam detalhes no solo e nas folhas das plantas que o olho humano e outras câmeras não conseguem”, afirma Silvio Santos, senior business advisor da Gamaya no Brasil, ao StartAgro. Cientistas da empresa desenvolveram a primeira câmera hiperespectral portátil do mundo, uma tecnologia pateteada e exclusiva que foi usada para “calibrar” a plataforma de análise de dados da empresa. “Ela foi programada para traduzir uma linguagem de pontos de cores em data science. Os algoritmos identificam áreas sem plantação, se tem doença ou não, qual tipo de inseto está na planta”, afirma Silvio.
A Gamaya foi criada dois amigos da área de ciência da computação do Escola Politécnica Federal de Tecnologia da Lausanne (EPFL), na Suíça, um dos mais avançados da Europa. Eles focaram suas pesquisas no uso da câmera hiperespectral aplicada à agricultura e logo despertaram o interesse de gente como Rob Neill, ex-líder global de Crop Protection da Syngenta e atual chairman da Gamaya, e Peter Brabeck-Letmathe, ex-CEO da Nestlé, além de investidores institucionais como Fundação Sandoz e o fundo de venture capital suíço VI Partners e a fabricante de máquinas agrícolas Mahindra, da Índia.
O Brasil sempre foi visto como um mercado de grande potencial para a Gamaya. Tanto que, nos últimos quatro anos, pesquisadores da empresa realizaram dezenas de voos sobre canaviais brasileiros para desenvolver produtos específicos para a cultura de cana no País. “Essa cultura foi escolhida por conta da conveniência em utilizar as imagens satelitais, já que boa parte da produção está concentrada no estado de São Paulo”, conta Silvio.
É olhando para esse setor que a Gamaya estreia no Brasil. Algumas das principais usinas já testam, com bons resultados, os produtos que fazem parte do pacote de soluções chamado Canefit, que pode ser aplicado em lavouras de pequenas a grandes dimensões. O pacote é composto de cinco produtos, que utilizam imagens de drones, satélites ou ambos. Três delas, Planting Gaps, que detecta falhas no plantio, e Weeds Dettection e Weeds Monitoring, sistemas de monitoramento de infestação por ervas daninhas, já estão disponíveis. Outros dois, o Growth Monitoring, sistema de monitoramento de desenvolvimento de canaviais, e o Precision Harvest Lines, que identifica, mede e geolocaliza linhas reais de plantio, serão lançados nos próximos meses. “O grande desafio das usinas é obter dados confiáveis, de forma rápida e em grande escala. Isso é o que diferencia a Gamaya, que gera valor no nosso produto”, afirma Silvio.
Outro diferencial da empresa, segundo Silvio, está na plataforma Gamaya Viewer, através da qual os clientes podem visualizar as informações e dados obtidos nas análises feitas. Intuitiva, simples e acessível online e offline, ela permite o compartilhamento de dados entre várias áreas da usina, contribuindo para a operação agrícola como um todo.
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Os produtos da Gamaya são adquiridos por meio de assinaturas anuais. O valor dessas soluções varia de acordo com o total de hectares cobertos. A empresa oferece ainda pacotes de armazenamento de dados para as imagens captadas por meio de satélites de terceiros. Antes de optar pela assinatura, o produtor ainda tem direito a um período de testes com imagens captadas de sua propriedade. “Exploramos três pilares: reduzir custos, aumentar a produtividade e ampliar a conveniência para o agricultor”, diz Silvio.
A Gamaya não ficará restrita aos canaviais. Em breve, seus produtos serão oferecidos para produtores de soja. Além disso, a empresa já estuda sua aplicação em citrus, café e também em reflorestamento. “Enxergamos grandes potenciais para empresas com essa combinação de data science, monitoramento, machine learning, tanto aqui no Brasil quanto nos Estados Unidos e em toda a América Latina”.
A operação da Gamaya no Brasil conta com quatro pessoas sob a liderança de Silvio Santos, executivo com 40 anos de carreira no mundo agro e passagens por grandes empresas do setor. Convidado para implantar a empresa praticamente do zero por aqui, diz estar aproveitando a oportunidade. “Tem sido uma experiência magnífica trabalhar com esses jovens. É uma chance de rejuvenescer minha carreira e meus conhecimentos em um negócio ainda muito novo”, afirma ele.