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Do laboratório para o campo, assim nasce a GreenNext

Que o desenvolvimento de uma veia empreendedora é impulsionado pelas iniciativas presentes nas universidades não é uma surpresa e Lucas Cardoso, Engenheiro de Automação pela Universidade Federal de Rio Grande (FURG) e diretor executivo da Green Next, é um ótimo exemplo desta dinâmica e dos resultados que esses investimos podem trazer. Segundo Lucas, “[…] entre o segundo e o terceiro ano da faculdade, eu senti vontade de empreender e nesse meio tempo, surgiu uma oportunidade dentro da própria universidade, na fundação da primeira incubadora INNOVATIO. Eles estavam preparando um programa de pré-incubação com 15 projetos que os alunos da instituição tinham a oferecer. Eu acabei pensando em algumas coisas e resolvi fazer uma primeira proposta que acabou sendo aprovada.”

Lucas ainda nos conta sobre sua experiência em participar de um programa desenvolvido pelo SEBRAE em conjunto com a Sementes Negócios de Porto Alegre ainda em 2017. Neste programa adquiriu mais vivências intrínsecas a um negócio de fato, sendo algo que carrega até hoje em sua trajetória.

Com um background de empreendedor em sua carreira, em 2019 foi convidado por um professor da universidade para iniciar um novo negócio: “[…] Ele queria começar um projeto diferente voltado para o agronegócio, mas precisava de alguém que já tivesse pelo menos um pouco de experiência e interesse para tocar o negócio, como eu já tinha tido uma certa experiência empreendendo […]fundamos a GreenNext”.

Hoje, a startup conta com Lucas Cardoso e outros três sócios, somando assim outros dois engenheiros de automação e um engenheiro químico. Juntos eles comandam a GreenNext que já conta com dois grandes clientes consolidados e participam de um programa de pré-aceleração (Warm Up).

“[…]só o Rio Grande do Sul é responsável por 70% de toda produção nacional, sendo que em 2019 a soma de bens e serviços desta cadeia chegou a 7.4 bilhões […]”

Assim, a GreenNext vem ganhando mercado com uma equipe focada no desenvolvimento do sistema chamado de Hydra. Este sistema é capaz de gerar relatórios de custo em tempo real, baseados nos equipamentos instalados. Hoje, a startup ainda tem como principal cultura o arroz, que é o setor mais forte na região de Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Lucas destaca alguns dados sobre o cultivo de arroz ao nos contar que “[…]só o Rio Grande do Sul é responsável por 70% de toda produção nacional, sendo que em 2019 a soma de bens e serviços desta cadeia chegou a 7.4 bilhões […]”

“[…] não temos exatamente uma concorrência direta hoje no mercado. Claro que a gente tem uma certa competição no sentido de nos estabelecermos com a tecnologia. Porém hoje o que nós queremos é nos tornarmos referência para o setor de arroz, o que nos difere completamente de outras empresas.”

Assim, o que destaca a startup no mercado, além da própria tecnologia desenvolvida, é o fato de se dedicarem a oferecer inovações para a cultura do arroz. Segundo Lucas Cardoso, “[…] não temos exatamente uma concorrência direta hoje no mercado. Claro que a gente tem uma certa competição no sentido de nos estabelecermos com a tecnologia. Porém hoje o que nós queremos é nos tornarmos referência para o setor de arroz, o que nos difere completamente de outras empresas.”

A solução da GreenNext é uma interface online, como uma representação exata dos antigos cadernos de campos de controle de irrigação. O sistema centraliza todas as informações a partir dos dados recebidos dos equipamentos e das inserções manuais feitas pelos produtores. Com isso é possível fazer a inferência dos custos e de se estimar individualmente a eficiência de cada equipamento. Para isso o produtor acessa um sistema via plataforma web ou aplicativo.

Perguntado sobre os planos da startup para médio e longo prazo, Lucas vai direto ao ponto e diz ter um plano estratégico desenhado para os próximos 5 anos: “[…] estar com essa tecnologia desenvolvida presente em outros países, começando pela América Latina depois indo até os Estados Unidos, China e Israel que são mercados emergentes nesse setor. Sendo que o objetivo é se tornar referência para o setor do arroz e então colocar em prática o projeto de expansão.”

É interessante visualizar como a empresa, que começou baseada na relação entre professor e alunos, conseguiu crescer e se definir como uma startup tão promissora. Prova disso foi o segundo lugar alcançado pela GreenNext no prêmio SEBRAE. “[…] Foi muito legal que em 2019, quando a gente ainda estava começando a desenvolver a empresa e a testar o nosso primeiro modelo de negócio, tentando validar o nosso produto oferecido hoje, acabamos sendo selecionados para participar desse programa de desenvolvimento de tecnologia para o setor agro aqui no Rio Grande do Sul chamado Agro Innovation, programa este desenvolvido pelo SEBRAE em parceria com a Embrapa” relata Lucas.

 O sucesso da GreenNext é o exemplo de que ações dentro da universidade, de incentivo ao empreendedorismo é uma das portas para a transferência de tecnologia. Iniciativas como as que levaram Lucas e seus sócios ao mercado, podem ser o nascedouro de novas soluções ainda não pensadas para os problemas do agronegócio.