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Exclusivo: como a chegada da Granular acirra a disputa na agricultura digital

Controlada pela Corteva, a pequena gigante do universo agtech oferece uma plataforma de gestão da fazenda que usa imagens de satélite

Por André Sollitto

Não se prenda pela primeira impressão. A recém-formada estrutura da Granular no Brasil pode enganar alguém menos familiarizado com sua história. A empresa de agricultura digital mantém apenas um pequeno escritório em Goiânia, com uma equipe que reúne somente oito profissionais. E oferece um único produto, atualmente rodando nas fazendas de 40 produtores espalhados pelos estados de Goiás, Mato Grosso e Bahia. Quando se olha bem de perto, porém, percebe-se que esse pequeno time carrega grandes desafios e deve começar a fazer barulho em todo o País. Por trás da Granular está a Corteva Agriscience, uma das maiores empresas de insumos agrícolas do mundo, que em 2017 pagou US$ 300 milhões pela AgTech de origem americana. A companhia chega para disputar um acirrado mercado com os braços digitais de outras potências do agro, também com desembarque recente nas lavouras brasileiras: a Basf, com sua plataforma xarvio; a Bayer, com a Climate; e a Syngenta, dona da Strider. É como se o último peso-pesado do setor que ainda estava ausente da disputa tivesse finalmente entrado no ringue.

A chegada da Granular já havia sido antecipada pela PLANT há um ano, em uma entrevista do presidente da Corteva no Brasil, Roberto Hun. Agora, com a operação já iniciada, ela apresenta em primeira mão a sua arma escolhida para os rounds iniciais nessa disputa. Trata-se da Insights, uma ferramenta desenvolvida em parceria entre Estados Unidos, Brasil, Canadá e Austrália, e que leva em conta as particularidades de cada país. “Não foi preciso fazer nenhuma tropicalização”, afirma à PLANT Lucas Silvestre de Melo, diretor de Marketing da Granular. Disponível nas principais lojas de aplicativos para dispositivos móveis, o software de gestão da fazenda usa imagens do espaço para oferecer dados ao produtor. O grande trunfo é justamente a qualidade desse mapeamento, feito pela Planet Labs – empresa que surgiu em 2010 e se especializou no desenvolvimento de nanossatélites, chamados Doves, ou “pombos”. Eles são colocados em órbita e fornecem dados de alta resolução todos os dias. Em 2018, eles tinham 150 equipamentos funcionando, a maior constelação de satélites já lançada. Fecharam uma parceria com a Granular com três anos de duração, válida até 2020.

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O sistema identifica os talhões, mantém um histórico da lavoura e mostra onde é preciso tomar uma atitude de acordo com a saúde das culturas. Projetado para driblar inclusive a falta de conectividade em algumas regiões, o programa permite que o fazendeiro faça um download dos mapas no aplicativo antes de ir ao campo e já saiba exatamente onde agir. O software também permite que sejam inseridas informações operacionais da fazenda, características da lavoura e outros dados financeiros. Tudo fica reunido em um único lugar. O Granular Insights ainda não foi lançado em larga escala por aqui. A divulgação do serviço deve se intensificar no segundo semestre deste ano.

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