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Investir em tempos de crise, a chave para o sucesso

Ao longo da história do Brasil é inegável a participação e a presença da ciência e tecnologia no campo e no agronegócio. Não é à toa que mesmo em anos de intensa adversidade, seja climática, com impacto de pragas, perda de produção e outros, ainda é possível observar um aumento de produtividade. E assim atingimos uma produção de 230 milhões de toneladas de grãos em uma única safra. Note que, mesmo com as adversidades, que em um passado recente poderiam ser fatídicas para o produtor rural, hoje é possível superá-las como o uso do que foi desenvolvido pelas pesquisas em nossas universidades, centros de pesquisas e dentro das próprias empresas. Hoje os riscos são menores para o produtor rural, o que acaba estimulando a competitividade do cenário agro, uma vez que com riscos menores o produtor pode apostar em novas soluções para os mais diferentes cenários da sua cadeia produtiva.

O agronegócio é uma ancora da nossa economia há décadas, que em 2020 quebrou novo recorde atingindo a marca de 87,8 bilhões de dólares líquidos, com exportações na faixa de 100,81 bilhões de dólares e cada vez mais diversificado. Em um ano de pandemia, isolamento social e extremas dificuldades econômicas, o agronegócio se apresenta como um exemplo de resiliência, organização e garantia de abastecimento dos mercados, alimentando milhares de pessoas no mundo. O Brasil se destaca ainda mais neste cenário, por concomitantemente manter uma agricultura alimentar e uma agricultura energética exemplar, sendo estes dois setores que se somam e se alimentam. O modelo de etanol aplicado pelo agronegócio brasileiro tem sido bem-sucedido pois equilibra questões sobre o aquecimento global, cada vez debatido e comentado e a geração de empregos, agregando um valor inestimável para o agronegócio. É assim que o professor Dr. Plinio Nastari, fundador e presidente da Datagro, apresenta sua visão sobre o setor no evento Agrotech: o futuro da indústria que alimenta o mundo.

Por outro lado, muito aperfeiçoamento ainda é necessário. Por exemplo, Adriana Aroulho presidente da SAP Brasil, destaca que 55% das terras não florestais são destinadas à produção agrícola e que 80% da água potável é destinada para agricultura, enfatizando a importância de se adotar práticas sustentáveis no setor. Ainda assim, ela não deixa de destacar a competência brasileira e salienta que existe um grande capital intelectual aplicado ao agronegócio brasileiro, e que deve ser motivo de orgulho para todos nós.

Para a executiva da SAP é necessário olhar para frente e pensar no futuro, pois “Falar de transformação digital já ficou para trás…” “Não existe dúvida que o agronegócio digital já é uma realidade, a tecnologia nos permite muitos ganhos de produtividade…”. As empresas estão se tornando cada dia mais inteligentes e sem dúvida alguma, as do agronegócio são as mais estratégicas. A agricultura digital se estabeleceu no campo na última década buscando eficiência no campo, melhoria de processos de compras, facilitar transação de produtos e commodities, otimizar o processamento industrial, a logística e a rastreabilidade dos alimentos. Adriana aponta que o futuro da tecnologia é cloud.

Todas essas práticas inovativas aplicadas ao campo trouxeram uma modernização, permitindo criar um diferencial das empresas com relação a eficiência e a sustentabilidade. Há uma profunda discussão sobre o impacto do uso de tecnologias nas empresas agroindustriais e vários cases de sucesso já podem ser evidenciados. É o que garante Fernando Degobbi, presidente da Coopercitrus e Fernando Brocaneli CIO da Bunge. Ambos executivos são exemplos de sucesso e comandam dois dos mais bem sucedidos casos de transformação digital no Brasil, sendo referência para o empreendedor e o mercado.

Brocaneli comenta que a Bunge tem desenvolvido trabalhos com modelo de negócio de integração e de cultura de soluções sustentáveis. Desde 2017 está em operação um modelo interconectando regiões e mercados, sendo que para isso, o primeiro passo foi o desenvolvimento de um sistema de inteligência. A partir de então, o grande desafio passou a ser a integração de processos e sistemas que possuem aplicativos logísticos para seus gerenciamentos.

Degobbi comenta como a Coopercitrus teve um foco óbvio no seu cooperado. Para levar a cooperativa a se tornar a maior do país, foi necessário todo um processo de adoção de tecnologias que incluiu, o monitoramento de processos e lavouras, além da gestão de processos e do uso eficiente dos recursos. Esse processo de modernização permite que hoje todos os cooperados tenham acesso à serviços de agricultura de precisão por uma plataforma de acesso online. Aproveitando-se da competência adquirida, em um cenário de mudança impactado pela pandemia, realizaram a primeira feira digital do setor, com mais de 174 expositores e a produção de mais de 4 mil tipos de conteúdos. O que demonstra que a cultura digital tem sido absorvida em uma excelente velocidade. O executivo já questiona a necessidade da feira física, já que o sucesso foi espantoso, com mais de 1,1 bilhão de reais em negócios durante os três dias de evento.

Num momento de incertezas geradas pelos impactos pandemia do covid-19 é surpreender notar, com base nos relatos de Degobbi, a capacidade do mercado brasileiro de absorver mudanças e novas tecnologias frente a desafios que exigem posturas resilientes. Outra demonstração dos ganhos em se adotar sistemas de tecnologia avançada no agronegócio, vem da Bunge. A multinacional com sede nos Estados Unidos e que tem no Brasil uma de suas maiores operações em termos de originação e comercialização de commodities agrícolas, destaca que houve um aumento de eficiência, conexão com os produtores e gestão de logística de cargas, com a adoção de sistemas de inteligência. A rastreabilidade foi um dos processos que mais mereceu destaque pela simplificação e o atendimento rápido das necessidades dos produtores, tornando o processo de tomada de decisão mais preciso e rápido. O motivo da rastreabilidade ter merecido destaque, é o contínuo crescimento da demanda dos consumidores sobre a origem do seu alimento. Os consumidores querem garantias de procedência, se o produto não contribui para o desmatamento ou se utiliza de trabalho escravo ou infantil.

Com a questão da rastreabilidade em foco, há ganhos tanto para o consumidor que esclarece a origem do alimento que consome, como também para o produtor, que pode agregar valor sobre seu produto uma vez que consegue evidenciar a origem e os processos que seu produto passou até chegar ao consumidor.

A presença de cases de sucesso no cenário agtech brasileiro ilustra um ambiente de intenso emprego de tecnologias inovativas e que se apresenta promissor para as novas tendências que virão. Não há dúvidas de que a adoção de tecnologia no agronegócio teve papel central na resiliência do setor durante o primeiro ano da pandemia. Resta agora aguardar o desenrolar do ano de 2021 para ver se estas inovações são capazes de dar suporte de longo prazo para os negócios em cenários desvantajosos como de uma prolongada pandemia. Por outro lado, esse cenário faz com que a adoção de novas soluções tecnológicas seja ainda mais rápida. É bem possível que no retorno a normalidade, essas inovações no agro façam parte do nosso dia a dia. Certamente podemos nos orgulhar de sermos brasileiros, e estarmos inseridos num contexto de extrema transformação, com um Brasil pioneiro no uso e na geração de muitas inovações que garantirão nosso sucesso na terra.

As informações contidas nesta matéria foram baseadas no “AGROTECH: O futuro da indústria que alimenta o mundo!” organizado pela WTC Business Club e SAP Brasil com apoio da Plant Project.