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Mark Zuckerberg e Bill Gates descobrem o agronegócio. E se impressionam com o que veem

Mark Zuckerberg e Bill Gates decidiram ver como funcionam as coisas no campo. Confira o que eles acharam da experiência  

Por Luiz Fernando Sá
Diretor Editorial da StartAgro

Ok, muitos de vocês devem estar tão familiarizados com agricultura e pecuária quanto Bill Gates ou Mark Zuckerberg. Ícones do mundo nerd, os bilionários americanos fizeram sua vida no asfalto, entre computadores. E mudaram as nossas vidas.

Eis que, de repente, os dois perceberam que há um mundão aí fora, produzindo há milênios os alimentos que a humanidade consome. Decidiram, então, ver como as coisas funcionam porteira adentro.

Coincidentemente, ambos escreveram sobre o assunto recentemente (veja aqui e aqui . No espaço de uma semana, expressaram a suas legiões de seguidores uma indisfarçável surpresa com o nível de avanço daquele povo com botinas sujas de terra.

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Seleção genética e rebanhos

Bill foi ao Outback australiano. Zuck, a um rancho de criadores de gado no estado americano de Dakota do Sul. O fundador da Microsoft ficou impressionado ao ver como os pecuaristas australianos fazem a seleção genética de seus animais e, com isso, aumentaram exponencialmente a produtividade dos rebanhos, obtendo mais carne sem precisar de mais áreas para pastagens. Gates até postou um vídeo sobre isso em seu blog. Confira abaixo:

O garoto do Facebook fez um trocadilho com as iniciais de inseminação artificial, as mesmas de inteligência artificial: “Ficou claro para mim que IA significa algo muito diferente aqui”, relatou, antes de admitir o quanto desconhecia da quantidade e da dimensão dos desafios enfrentados pelos produtores em sua jornada para alimentar o mundo. “Eles nem sempre recebem reconhecimento por isso, mas nós dependemos do trabalho que eles fazem”, escreveu Zuck.

E o Brasil?

Não é preciso ser bilionário para ter experiência semelhante à que ambos tiveram. Muito menos viajar mundo afora. Pelo interior do Brasil há exemplos tão bons ou ainda melhores que os visitados por eles. Nós, brasileiros, podemos ser bons em muitas coisas. Mas nesse negócio de produzir alimentos com alta produtividade estamos entre os melhores.

E temos tudo para sermos líderes globais no desenvolvimento de novas tecnologias para o setor. O que Bill viu na Austrália, por exemplo, é feito há décadas pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), sediada em Uberaba.

O melhoramento de nosso rebanho bovino, seja de corte ou leiteiro, tem sido feito a à base de muito investimento. Se hoje o país é o principal produtor mundial de proteína animal, o crédito deve ser dado aos pecuaristas.

Apoio a iniciativas

Após a visita aos criadores australianos, Gates enxergou potencial de utilizar o modelo de melhoramento genético na África. Através de sua fundação, propõe atuar junto aos países subsaarianos para transformar o rebanho local a partir de cruzamentos industriais com espécies mais produtivas de outras regiões.

Significa inseminar vacas já adaptadas às condições climáticas dali com sêmem de animais com características específicas para gerar mais carne e leite. Ele está certo. Já testamos no Brasil.

Cidade e campo unidos

Zuck e Bill prestam um grande serviço ao mundo ao compartilharem essas experiências. Ajudam a reduzir o fosso que se abriu entre as populações urbanas e o grande contingente de pessoas que atuam no agronegócio. O desconhecimento ajuda a fomentar mitos e a generalizar questões que, na maior parte das vezes, são localizadas.

Agricultores e pecuaristas são frequentemente vistos como vilões, conservadores e atrasados, devastadores de florestas e poluidores de rios. Trata-se de uma visão parcial e incorreta. Para cada caso negativo – eles existem de fato – contam-se dezenas, centenas, milhares de produtores que seguem à risca a legislação ambiental, são responsáveis no uso de químicos e, na medida do possível, buscam aplicar em suas lavouras o que há de mais avançado em tecnologia.

Economia e sustentabilidade

Não o fazem apenas porque são bonzinhos, mas porque é economicamente mais indicado. Menos agroquímico na plantação é menos custo na planilha. Maior produtividade por hectare é melhor resultado no balanço.

Mark Zuckerberg visitou um rancho de criadores de gado no estado americano de Dakota do Sul

Mark Zuckerberg visitou um rancho de criadores de gado no estado americano de Dakota do Sul

Zuck e Bill também não olham para a zona rural apenas por curiosidade. O mundo da tecnologia entendeu nos últimos anos que o agronegócio é uma nova fronteira para o desenvolvimento de ideias disruptivas e potencialmente lucrativas.

Novo consumidor

Os “city boys”, como se autodefiniu Gates, já perceberam que o interesse dos consumidores urbanos em saber a origem e cada passo dos alimentos que estão adquirindo vem crescendo rapidamente. Quem vai buscar e entregar tanta informação?

As tecnologias de rastreamento e processamento de dados. Os produtores, assim, também devem ficar atentos. O mercado pagará um prêmio a quem fizer seu trabalho corretamente. E punirá com preços mais baixos aqueles que não estiverem ligados nos desejos do consumidor.