A estratégia da Rappi para expandir o modelo de cozinhas compartilhadas no Brasil
Empresa colombiana vai inaugurar 100 unidades no País ainda em 2019 – e o plano é fortalecer ainda mais esse modelo de negócios em 2020
Há cerca de dois meses, abordamos na revista Plant Project as enormes mudanças que os apps de delivery estão causando, especialmente a silenciosa revolução que acontece nas cozinhas compartilhadas, espaços criados para que os restaurantes atendam apenas os pedidos feitos pelos celulares dos clientes. Agora, a Rappi escancarou essa novidade ao anunciar que pretende inaugurar 100 “dark kitchens“, como são chamadas essas cozinhas compartilhadas, até o final do ano aqui no Brasil.
Esse anúncio dá uma ideia do ambicioso plano da startup colombiana para assegurar um papel de liderança no disputado mercado dos apps de delivery. Para entender um pouco mais dessa estratégia, conversamos com Walter Rodrigues, head de dark kitchens da Rappi para o Brasil.
As cozinhas ficarão concentradas em São Paulo, mas unidades também serão instaladas em Curitiba, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza. “Trabalhamos com o objetivo de instalar de 200 a 300 cozinhas ao longo de 2020”, diz Walter Rodrigues. Nessa segunda etapa da operação, cidades como Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre também devem ser contempladas. O modelo foi lançado originalmente na Colômbia, e desde então foi levado pela empresa para o México, Chile e Argentina. O Peru também vai receber as cozinhas compartilhadas em 2020.
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O que mais surpreende é a velocidade com que esse modelo de negócios vem ganhando tração. “De maneira geral, é uma estratégia mundial ainda recente”, diz Walter. “Desde que começou a ser praticado, há cerca de dois, três anos, o modelo de negócios sofreu muitos ajustes”. E o modelo será usado pela Rappi como um reforço para seu core business. “Não vamos ganhar com a locação. Queremos melhorar a experiência do delivery”, diz ele.
Os parceiros serão escolhidos com base em alguns parâmetros básicos. Se a empresa identificar que alguma região não é servida por um tipo específico de comida, pode entrar em contato com restaurantes. Se determinada cozinha requisitada não consegue atender ao delivery, a Rappi pode entrar em contato para que ela crie uma operação separada apenas para pedidos via app. Por fim, a empresa pode convidar restaurantes com grande potencial para desenvolver uma marca específica para o delivery.
Esse modelo de negócios terá um impacto enorme nos restaurantes físicos. Na reportagem da Plant Project, falamos que chefs famosos dos Estados Unidos já migraram de vez para o delivery pela facilidade de testar marcas e produtos e pelos custos muito menores de operação. Segundo Walter Rodrigues, a tendência deve se repetir aqui também. “E é um formato que não vale só para restaurantes. É algo que beneficia todo o ecossistema”.