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Os desafios de levar conectividade ao campo

Evento Strider Day discute as dificuldades em garantir que internet de alta velocidade cubra todos os hectares de uma propriedade

A demanda dos produtores por internet em suas fazendas e as dificuldades em levar a rede para regiões menos populosas do país é o tema da reportagem de capa da mais recente edição da revista Plant Project. Foi também um dos assuntos discutidos na segunda edição do Strider Day, evento promovido pela agtech Strider para reunir executivos, produtores e empreendedores em discussões relacionadas ao agronegócio.

O painel “O Futuro da Conectividade no Agro” reuniu representantes da Tim, da Algar Telecom e da Vivo para apresentar as soluções que cada empresa oferece. A Tim tem a opção 4G no campo, que usa a mesma frequência de 700 MHz usada nos centros urbanos e integra a iniciativa ConectarAgro, reunião de oito empresas com o objetivo de unir esforços. A Algar também aposta na mesma frequência 4G e criou um hub de inovação, o Brain, para encontrar modelos viáveis. Por fim, a Vivo defendeu a criação de um ecossistema com foco em serviços. De acordo com a empresa, a conectividade é importante, mas ela precisa estar atrelado a ganhos do produtor.

Mas os produtores presentes manifestaram certa descrença com as soluções. “Por que vamos pagar por algo que ainda não vimos funcionar direito em cidades de médio porte?”, perguntou um deles, de Primavera do Leste, município de 60 mil habitantes em Mato Grosso. Segundo ele, basta se afastar sete quilômetros da cidade para perder a conexão 3G. Outro produtor, de Campo Novo dos Parecis, também em Mato Grosso, disse que a internet não chega nem na sua cidade, um município com 25 mil habitantes.

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“A tecnologia já existe há algum tempo. O nosso desafio agora é encontrar um modelo de negócios”, diz Ivan Mendes, head de IoT da Algar. Instalar a infra-estrutura necessária, incluindo torres de transmissão, ainda é um processo caro. Por isso, os grandes produtores são os primeiros a fazer os investimentos. Os cases mostrados pela Tim incluem Jalles Machado, SLC Agrícola, Amaggi e Adecoagro. Dependendo da região, os ganhos em conectividade são sentidos também em cidades próximas.

Além das dimensões continentais do Brasil, seu relevo é bastante diverso, o que gera uma variabilidade na capacidade das antenas. “Em alguns casos, é preciso construir 290 quilômetros de infraestrutura só para chegar na cidade”, diz Antonio Cesar Santos, gerente de desenvolvimento e inovação de IoT da Vivo. “Entendendo essa complexidade, temos que encontrar um ponto de equilíbrio e atender o agro”, afirma ele.