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Pão de Açúcar vai inaugurar lojas com reconhecimento facial

Iniciativa semelhante a Amazon Go, nos EUA, permite que clientes peguem itens das prateleiras e paguem com o aplicativo, sem passar por um caixa

O Grupo Pão de Açúcar anunciou uma parceria com a Microsoft para a inauguração de seis novas lojas Minuto Pão de Açúcar até o final do ano. As unidades terão tecnologias específicas, como reconhecimento facial e self checkout, além da possibilidade de retirar compras feitas pela internet. É um conceito popular nos Estados Unidos, graças a lojas como a Amazon Go, mas ainda pouco utilizada por aqui.

Com um cadastro feito no aplicativo, o consumidor pode simplesmente pegar produtos na prateleira e sair. O pagamento é feito a partir do reconhecimento facial, e o valor é debitado diretamente do cartão cadastrado. A startup Zaitt oferece uma iniciativa semelhante. Após inaugurar uma loja em Vitória, outra unidade, maior, foi instalada em São Paulo, na região do Itaim Bibi, e atende clientes interessados na tecnologia desde fevereiro deste ano.

O anúncio do GPA faz parte da estratégia digital do grupo, que conta com cases de sucesso, como os aplicativos desenvolvidos para as redes Extra e Pão de Açúcar, e o sistema de delivery James, startup comprada pela companhia no final de 2018 em operação desde abril deste ano. 

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Nos Estados Unidos, o sistema de lojas autônomas já causou polêmica. Em São Francisco, o governo aprovou um veto a estabelecimentos que não aceitam dinheiro como forma de pagamento, prática vista como discriminatória contra a população de baixa renda. Lá, 17% dos negros e 14% dos habitantes de ascendência latina não têm contas bancárias. “A cidade precisa ficar vigilante para garantir que sua economia seja inclusiva e acessível a todos”, diz a legislação da cidade, de acordo com o San Francisco Examiner.

A discussão já tem mudado a maneira como as empresas se posicionam. Uma loja da Amazon Go inaugurada em maio em Nova York aceita dinheiro, mas o sistema teve que ser alterado: clientes que escolhem essa forma de pagamento precisam ser escaneados por um funcionário, que depois vai ler também cada produto comprado e dar o troco. Normalmente, toda a transação é digital.

A situação no Brasil é ainda mais complexa. Dados do IBGE indicam que 30% da população é desbancarizada. São 60 milhões de pessoas, espalhadas por todas as regiões do Brasil, que movimentam R$ 665 milhões todos os anos. Ou seja, não dá para ser tão disruptivo e alienar uma parcela significativa de consumidores.