Para ganhar o mundo, Solinftec muda comando para os Estados Unidos
Em três anos, AgTech brasileira quer trazer a maior parte de seu faturamento dos EUA
Por Luiz Fernando Sá
Até meados de 2020 uma das maiores e mais relevantes AgTechs brasileiras será comandada a partir de um moderno escritório localizado no campus da Universidade de Purdue, em West Lafayette, no estado de Indiana, nos Estados Unidos. É para lá que estão se mudando, ao longo dos últimos meses, os principais executivos da Solinftec, empresa fundada em 2007 por um grupo de engenheiros cubanos em Araçatuba e que, nos últimos anos, transformou-se em líder do mercado brasileiro de soluções para monitoramento e automação de lavouras.
O movimento em direção à América do Norte deve acelerar o processo de globalização da empresa, hoje já uma multinacional com presença em mais de dez países, inclusive os Estados Unidos, dando ainda mais visibilidade junto a grandes investidores do setor de AgTech. Nos próximos anos, a expansão deve seguir rumo à Europa e à Ásia, tendo como meta atuar em até 20 diferentes mercados. “Hoje, 30% do nosso faturamento já é em dólar”, afirma Rodrigo Iafelice dos Santos, CEO global da companhia. “Em três anos, queremos fazer dos Estados Unidos o nosso maior mercado. Decidimos que queremos fazer a empresa global a partir de lá”.
A Solinftec começou a ganhar reconhecimento internacional há três anos, desde que caiu no radar do TPG ART-Alternative & Renewable Technologies – braço para tecnologias alternativas de um dos maiores fundos americanos de private equity, o TPG, que tem US$ 45 bilhões sob sua gestão e, em seu histórico, investimentos em unicórnios como Uber e Airbnb. No ano passado a empresa foi eleita como a startup internacional mais inovadora no AgFunder Awards, considerado o Oscar do AgTech, e passou a fazer parte também do portifólio da AgFunder, principal plataforma de investimentos do setor no mundo.
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O aporte do TPG deu um novo impulso à empresa, que já atendia cerca de 70% do mercado de automação nas lavouras de cana. A partir de então, a empresa expandiu suas fronteiras para as culturas de grãos, citros e café, investiu no desenvolvimento de produtos baseados em conectividade e inteligência artificial e lançou bases na América Latina e do Norte. Tudo, com uma velocidade impressionante.
Com o objetivo definido, a empresa abriu seu escritório em West Lafayette no ano passado, já com o anúncio de que investiria US$ 30 milhões na instalação da sede americana e na conquista de uma fatia representativa no mercado local. Parte dos recursos foi captado através da emissão de R$ 80 milhões em Certificados de Recebíveis Agrícolas (CRAs), concluída recentemente. Foi a primeira vez que uma AgTech realiza uma operação de CRAs no Brasil.
O COO Daniel Padrão foi o primeiro a se instalar nos Estados Unidos. Até junho próximo, Santos e outros executivos C-Level também estarão sediados em Indiana, onde o time, que hoje tem doze pessoas, deve chegar a 150 até 2022. De lá, manterão o comando das operações brasileiras. Araçatuba permanecerá como principal pólo de desenvolvimento da empresa e como principal endereço no Brasil – a Solinftec mantém também uma sede em Sinop, no Mato Grosso. Para a América Latina, o QG fica em Cáli, na Colômbia.
A localização da sede em West Lafayette é estratégica para a Solinftec. A Universidade de Purdue possui uma das mais respeitadas escolas de agronomia do mundo. Além disso, o estado de Indiana tem incentivado a instalação de empresas de tecnologia, principalmente AgTechs, na região, aproveitando a oferta de mão-de-obra qualificada na região. O projeto prevê transformar o local em um pólo de desenvolvimento de tecnologias baseadas no uso de Inteligência Artificial na agricultura, área em que a Solinftec é uma das pioneiras em todo o mundo, com a assistente virtual Alice. A empresa possui mais de 30 mil equipamentos agrícolas monitorados online, captando dados e cobrindo mais de 8 milhões de hectares em todos os países em que atua. São mais de 100 mil usuários interagindo diariamente nas plataformas da Solinftec.