Resumo Start Trends – Sustentabilidade
Trazemos nesta matéria algumas das principais ideias e os pontos mais importantes tradados pelos nossos debatedores no Start Trends – Sustentabilidade, que aconteceu no dia 15 de setembro!
Nosso moderador, o prof. Mateus Mondin, destaca a importância de se entender o agro como um ciclo – a Agricultura Circular.
Não tem como marcar onde ele começa e onde ele termina, afinal de contas, estamos trabalhando com questões da natureza. São ciclos que se fecham. Podemos até tentar desmembrar esse ciclo em partes para que possamos compreender melhor algumas de suas partes, mas quando olhamos o sistema, precisamos vê-lo fechado.
O professor sustenta que devemos enxergar esta cadeia produtiva de forma holística para que a discussão e implantação de um modelo de produção sustentável se torne eminente e mais palpável. Para Mateus, quando encaramos o agro desta forma “começamos a compreender que o homem, a sociedade e o urbano, principalmente, são parte do agro e não algo que está aparte desse sistema.”
Respondendo um questionamento de um espectador sobre a aplicação do controle biológico em grandes cultivos, Marcelo Poletti destaca a importância de se utilizar as diversas tecnologias disponíveis no mercado para se fazer uma gestão eficiente das lavouras.
O uso da Tecnologia da informação e o uso de drones tem nos permitido a aplicação [do Manejo Integrado de Pragas – MIP] em grandes áreas. Se pensarmos que um dos maiores cases no Brasil está relacionado ao uso de Cotesia na cultura da cana-de-açúcar em mais de 5 milhões de hectares, a resposta da pergunta é: hoje nós já temos o controle biológico em grandes áreas.
Marcelo Poletti – CEO da Promip Holding
Marcelo acredita na integração de controles e que este é o caminho para se atender as demais grandes culturas: atender a cada produtor especificamente e criar soluções que se adequem a cada caso. O controle biológico não seria, portanto, a solução exclusiva para toda a agricultura e sim um complemento, um aliado poderoso para o manejo de pragas da Agricultura.
Eduardo Bastos corrobora a fala de Poletti.
O mercado global de proteção de cultivos está na ordem de US$ 120 bilhões. […] não podemos nos esquecer do que aprendemos: precisamos de soluções integradas. É claro que o produtor vai procurar uma solução melhor, preferencialmente com custo menor, mas que funcione. […] O que o produtor e o técnico precisam é ter essa ‘caixa de ferramentas’ disponível para oferecer a melhor solução para cada momento de crescimento da lavoura.
Eduardo Bastos – Head de sustentabilidade da Bayer
Uma pergunta muito atual e de extrema importância foi feita pelo nosso moderador aos convidados do Start Trends Sustentabilidade: como vencer a resistência dos produtores agropecuários a implantar tecnologias e inovações do setor em suas propriedades?
O Ricardo Cerveira destacou a importância da pesquisa e desenvolvimento para a extensão agropecuária e como é importante que se restaure a fé e a confiança na ciência aqui no Brasil. E é acreditando que através da ciência e da pesquisa, lá no futuro, teremos algo de interesse para a sociedade.
O produtor é uma pessoa! Uma pessoa que tem suas particularidades, alguns que adotam a tecnologia de uma vez e outros mais ressabiados. Aqueles que tem maior dificuldade de assimilação não a tem por medo, a questão é que esse produtor vai ter que sair da zona de conforto.
Ricardo Cerveira – Diretor do Instituto Biosistêmico
As exigências de adoção de tecnologia podem vir de muitas frentes: necessidade de aumento da produção, diminuição de custos, exigências de consumidores, entre outras. A questão que estes produtores precisam entender é que as tecnologias vêm para, acima de tudo, ajuda-lo para produzir mais e melhor – ele só precisa aprender a utiliza-la e aproveitar todo o potencial que estas inovações podem trazer para o cultivo.
O professor Mateus Mondin faz uma ótima analogia: “Não adianta comprar o celular mais sofisticado do mundo só para utilizar o WhatsApp”.
E como acessar novas tecnologias e inovações sustentáveis no agronegócio? Nossos debatedores levantam alguns pontos a serem analisados:
Ricardo Cerveira fala sobre o investimento de recursos. O produtor pode procurar formas de capitalização, uma vez que escolhe e entende qual é a tecnologia mais adequada para sua produção. O produtor pode utilizar crédito rural, um exemplo dentre várias possibilidades de financiamento, para resolver a falta de recursos. Ricardo conclui que o custo destas inovações não deveria ser uma barreira para a aplicação de novas tecnologias.
Eduardo Bastos chama a atenção para que a tecnologia e a informação sejam democratizadas através da inclusão digital e tecnológica do campo. Para Ricardo, por mais difícil que seja adaptar o conhecimento para o mundo digital, é de extrema necessidade promover a acessibilidade digital e conferir rapidez aos processos que necessitam de conectividade no campo. A acessibilidade no campo ajuda o produtor a usar e integrar tecnologias, além de permitir acesso à informação e assistência em tempo real.
Já Marcelo Poletti discute a necessidade de se pensar no produto final. O produtor precisa entender que a tecnologia e a sustentabilidade agregam valor em sua produção e, por isso, é necessário implementa-las.
Há a demanda por produtos sustentáveis, por boas práticas no campo e por rastreabilidade de produção. Essas demandas não são apenas uma exigência de um setor da sociedade, elas representam um ganho significativo para a sociedade no geral, permitindo que se pense em prática cada vez melhores e mais saudáveis para a produção agropecuária.
O professor Mateus Mondin inicia uma reflexão muito assertiva nos momentos finais da discussão. Um dos grandes gargalos da produção agropecuária é a falta de inserção de tecnologias básicas na área rural do Brasil. Isso impede não só que o produtor utilize as inovações da área de maneira plena em sua produção, como também impede que a sustentabilidade seja pensada de maneira holística e cuidadosa.
Daí vem o ponto chave da discussão: a Sustentabilidade Digital.
A Sustentabilidade Digital deve ser buscada pelo produtor (à medida em que adota as tecnologias no campo), pelo poder público (através de políticas públicas que permitam o desenvolvimento da infraestrutura necessária para que a conectividade seja possível nas áreas rurais) e pela academia e pesquisadores (que busquem a maior eficiência possível dessas inovações e sua democratização na cadeia produtiva brasileira).